Julgamento!
Havia numa aldeia um velho muito pobre,
mas até os reis o invejavam, porque ele tinha um lindo cavalo branco… Reis
ofereciam quantias fabulosas pelo cavalo, mas o homem dizia: -“Este cavalo não
é um cavalo para mim… Este cavalo, é como se fosse uma pessoa. E como se pode
vender uma pessoa, um amigo?” O homem era pobre, mas jamais vendeu o cavalo.
Numa manhã, descobriu que o cavalo não
estava na cocheira. A aldeia inteira se reuniu, e disseram: “Seu velho
insensato! Sabíamos que um dia o cavalo seria roubado. Teria sido melhor tê-lo
vendido. Que desgraça!”
O velho disse: “ Não cheguem a tanto.
Simplesmente digam que o cavalo não está na cocheira. Este é o fato, o resto é
julgamento. Se isso é uma desgraça ou uma bênção, não sei, porque quem pode
saber o que vai se seguir?”
As pessoas riram do velho… sempre souberam
que ele era um pouco louco! Mas, quinze dias depois, numa noite, o cavalo
voltou. Ele não havia sido roubado, ele havia fugido para a floresta. E não
apenas isso, mas ele trouxera uma dúzia de cavalos selvagens consigo.
Novamente, as pessoas se reuniram e
disseram: “Velho, você estava certo… não se trata de uma desgraça, na verdade
provou ser uma bênção.”
O velho disse: – “Vocês estão se
adiantando mais uma vez. Apenas digam que o cavalo está de volta… quem sabe se
é uma benção ou não?
Este é apenas um fragmento. “Se você lê
apenas uma frase de uma página, como pode julgar todo o livro?”.
Desta vez, as pessoas não podiam dizer
muito, mas interiormente sabiam que ele estava errado… Afinal, agora eram treze
lindos cavalos. O único filho do velho começou a treinar os cavalos selvagens.
Uma semana mais tarde, ele caiu de um cavalo e fraturou as pernas.
As pessoas, mais uma vez, julgaram e
disseram: “Você tinha razão novamente. Foi uma desgraça. Seu único filho perdeu
o uso das pernas, e na sua velhice ele era seu único amparo. Agora você está
mais pobre do que nunca”.
O Velho respondeu: -“Vocês estão obcecados
por julgamento. Não se adiantem tanto. Digam apenas que meu filho fraturou as
pernas. Ninguém sabe se isso é uma desgraça ou uma bênção. A vida vem em
fragmentos, uma coisa de cada vez, um dia atrás do outro”
Autor: desconhecido