CONEXÃO
INTERNA: ESTAMOS DISTRAÍDOS
Leonardo Maia
Leonardo Maia
Entramos em um círculo vicioso. Trabalhar e se distrair. Acabamos
nos desconectando de algo muito importante e sagrado: a nossa essência
individual. O caminho de autodesenvolvimento. O autoconhecimento. A
autenticidade. Nem percebemos, mas cumprimos nossas obrigações e nos
distraímos. Aí está o grande perigo: desconexão. Mas o ego clama por atenção,
ele faz parte essencial do desenvolvimento individual e o pouco tempo que temos
para uma auto análise, um olhar para dentro, para a alma, acaba se tornando uma
preocupação estética e de reconhecimento externo, nos tornamos narcisistas e
egocêntricos. Uma ostentação física, de conquistas materiais e busca por
prazeres momentâneos, pois desde sempre somos bombardeados por imagens
que incitam nossos desejos materiais e instintivos: materialismo e erotização.
Aqui percebemos outro aspecto bem interessante, o padrão estético e de
comportamento. Quando estamos mais velhos começamos a ficar cada vez mais
vazios. Uma vida sem sentido pode levar a ansiedade, depressão, dependência (de
álcool, relacionamentos e etc…), a satisfação é um mero momento de prazer ou de
conquista… não um estado anímico, um estado de ser. Nossa conexão é com
arquétipos exteriores, não uma conexão interna. Somos personagens e nos
confundimos com eles verdadeiramente. Mas se olharmos para o lado veremos uma
dúzia de pessoas iguais, com os mesmos valores e perspectivas.
Estamos
nos distraindo? Você está muito estressado com seus compromissos? Precisa se
distrair um pouco. Procure se divertir mais, sair com os amigos, namorar. Fazer
compras ou talvez fazer uma viagem… E se você tem boas condições financeiras,
melhor: o mercado de entretenimento é incrível. Inúmeras possibilidades,
diversão sem fim. Isto acaba nos estimulando a produzir mais, gerar mais
dinheiro para que possamos desfrutar mais.
Mas
o que nos leva a isso? Existe algum mal em se divertir, sair um pouco do
estresse do dia a dia, da pressão do trabalho, ou mesmo do marasmo? Logicamente
não. Mas isto pode se tornar o seu foco?
Desde
de muito cedo, passamos por um processo bem complicado: a Educação voltada para
o mercado de trabalho. Todos, independente de nossas particularidades,
nossos talentos ou dificuldades, somos educados da mesma forma para
atender as necessidades do sistema vigente. Muitas fórmulas sem sentido,
decorar dados e regras para sermos aprovados, primeiramente na escola e depois
nos centros de capacitação, para termos um emprego “digno”, conquistar um lugar
no concorrido mercado de trabalho para receber nossos salários, poder manter o
sistema funcionando e desfrutar das suas possibilidades.
Mas existe algo oculto por
trás... É perceptivo que este mecanismo não é saudável, pois já recai uma
pressão sobre nós desde a nossa infância, exigindo boas notas – que seriam um
reflexo de que estamos seguindo a cartilha da forma exigida, ou pagando suas
consequências. Caso tenhamos sido bons alunos, entraremos na disputa por uma
vaga na faculdade, outro fator de estresse bem grande, que exige que muito do
jovem, pois geralmente sofre uma pressão familiar, escolar, social além da sua
própria.
Este
mecanismo de educação acaba exigindo um processo de anulação de nossas
individualidades. Querem que sigamos padrões pré-definidos de comportamento e
de conhecimento, independente de nossas aptidões e interesses. Somos forçados a
doar grande parte de nosso tempo com atividades que não nos interessa, que não
têm sentido e que esquecemos imediatamente após nossas avaliações. Mas o
processo fica marcado em nós, por todo estresse que passamos.
Desde a mais tenra
idade, já queremos esquecer o estresse das provas e cobranças, do esforço em decorar
as fórmulas e regras. Quem não se adequa ao padrão é marginalizado, como
repetentes, crianças problema e outros rótulos pejorativos. Então desde já nos
esforçamos para entrar no padrão externo exigido, aos poucos vamos nos
desconectando de algo interno, único em cada um. Aliado a isso temos as mídias,
que tomam o tempo restante, nos tornando passivos e atentos sempre a algo
externo que nos deixa passivos e suscetíveis a absorver os comportamentos e
pensamentos propagados por elas.
Mas
isso é apenas o começo, logo entramos na luta no mercado de trabalho. Da busca
por autonomia e estabilidade financeira. E não é nada fácil. A pressão
continua, talvez até maior. Situações de estresse e ansiedade passam a ser
constantes. Trabalhos de 6 até 12 horas no dia. E quando chegamos em casa,
queremos descanso, parar de pensar no trabalho e etc… pois isto acaba tomando
muito de nossa vitalidade, pois o que não alimenta nossa alma, acaba nos
desgastando de forma muito intensa.
Quais
seriam nossas válvulas de escape? ... Nos distrair um pouco, ver televisão,
sair com os amigos e satisfazer desejos para esquecer o estresse do dia a dia,
esperar o fim de semana para sair, paquerar e beber com os amigos, fazer
compras, trocar o carro ou fazer uma viagem, arrumar uma companhia para sair
nas redes sociais, talvez adquirir bens seja uma forma de garantir o futuro e
ter uma velhice tranquila…
Entramos
em um círculo vicioso. Trabalhar e se distrair. Acabamos nos desconectando de
algo muito importante e sagrado, a nossa essência individual, o caminho de auto desenvolvimento, o autoconhecimento, a autenticidade.
Nem percebemos, mas cumprimos nossas obrigações e nos
distraímos, satisfizemos o ego social, sistêmico. Aí está o grande perigo: a desconexão
com a nossa essência, com nosso Self (Eu Maior, Em Si Ôntico, Alma) que faz
parte essencial do desenvolvimento individual e o pouco tempo que temos para
uma auto análise, um olhar para dentro, para a alma, acaba se tornando uma preocupação estética e de reconhecimento
externo, nos tornamos narcisistas e egocêntricos. Uma
ostentação física, de conquistas materiais e busca por prazeres momentâneos,
pois desde sempre somos bombardeados por imagens que incitam nossos desejos
materiais e instintivos: materialismo e erotização. Aqui percebemos outro
aspecto bem interessante, o padrão estético e de comportamento.
No princípio da puberdade, com a aproximação da sexualidade e
interesse pelo outro, começamos a buscar a integração com grupos de pessoas.
Queremos nos divertir e interagir. Conhecer as pessoas e nos relacionar. Estar
no padrão estético ajuda bastante e nos padrões de comportamento coletivos
também. Ser uma pessoa bonita e descolada é um dos focos de muitos
adolescentes, pois é o que movimenta as mídias, tanto TV quanto internet. Então
elas passam a buscar isso de forma bastante intensa. Não porque alimenta
a alma, mas por reconhecimento social.
Somos
bombardeados pela mídia com padrões estéticos, comportamentos considerados
bacanas e estímulos eróticos e de prazeres materiais, aliados ao processo
de educação sem sentido que não alimenta nossa alma, tirando o prazer de
adquirir o conhecimento, nos tornamos presas fáceis.
Começamos
a perder a conexão interna aos poucos e nos vinculamos a estes padrões
estéticos e de comportamento. Isso se reflete na dificuldade de aceitação da
velhice, recorrência às plásticas e comportamentos infantis, muito comuns hoje
em dia.
Mas
não para por aí… está muito travado? Com o freio de mão puxado? Se solte um pouco e entre na onda… tome uma
cerveja ou algo para relaxar e fluir com as energias que estão à sua volta.
Larga de ser chato e bicho grilo. Vamos nos divertir um pouco. Sair e beber
passa a ser cotidiano. Ou mesmo outras drogas. (Oba, hoje é sexta feira).
Lembrando
que isto é desde muito cedo, quando estamos mais velhos começamos a ficar cada
vez mais vazios. Uma vida sem sentido pode levar a ansiedade, depressão,
dependência (de álcool, relacionamentos e etc…), a satisfação é um mero momento
de prazer ou de conquista… não um estado anímico, um estado de ser. Nossa
conexão é com arquétipos exteriores, não uma conexão interna. Somos personagens
e nos confundimos com eles verdadeiramente. Mas se olharmos para o lado,
veremos uma dúzia de pessoas iguais, com os mesmos valores e perspectivas.
É
Consciência x Inconsciência. Despertar x Sono. É esta a busca pela
individuação, a busca do Si-Mesmo. O sentido da vida. É isto que estão roubando
de nós. Somos reflexos de nossas experiências e percepções e elas são
experiências vazias, mecânicas e nossas percepções são de distração. Nossos
padrões de comportamento e perspectivas estão sendo moldados desde a infância.
Esta
desconexão contínua com a nossa essência se reflete em insegurança, medo,
sensação de solidão, estresse, ansiedade e até doenças graves. Nossa força
interior vai se esvaindo, tornando a nossa Força de Vontade fraca e não
conseguimos nadar contra a maré, apenas caminhamos seguindo o fluxo e torcendo
para que boas experiências aconteçam, ou mesmo, as comprando.
Educação
sem sentido, trabalhos sem sentido – rotinas mecânicas, longas e estressantes,
entorpecimento da percepção, busca por prazeres momentâneos, materiais,
instintivos e por reconhecimento externo. Ostentação, narcisismo e
egocentrismo.
O que te alimenta a alma? Sua
vida tem sentido ou são espasmos de satisfação momentâneos? Será que estamos
tão distraídos assim?
“A nossa mais elevada tarefa deve ser a de sermos seres humanos
livres e capazes de, por nós mesmos, encontrar propósito e direção para nossas
vidas”. – Rudolf Steiner
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